domingo, 2 de setembro de 2012

Recaída / 2ª internação (Parte I)

É doloroso lembrar daquela noite (apesar de não ter visto ele usando), doloroso por saber a forma como tudo aconteceu. É triste e por mais que seja triste eu preciso lembrar, contar, tirar essa lembrança de dentro de mim sem medo de que o julguem.
Foi então na noite do dia 21 de agosto de 2012, véspera do aniversário da nossa união, que Alemão infelizmente se rendeu ao crack. Não sabemos ainda se foi só o crack, mas acreditamos que ele tenha usado também a cocaína, mas a única coisa que pegamos ele no flagra usando foi o crack.
Fazemos faculdade juntos e no período noturno. De todas as vezes que eu ia para a faculdade e ele ficava, ele sempre se trancava dentro do quarto e só saia quando eu chegava. Naquela noite eu fiz diferente, aquela noite eu fui e levei comigo não só a chave do nosso quarto como a angústia, o medo,e nossa, QUE MEDO!!
Quando eu cheguei em casa, as portas estavam trancadas, bati, bati, até que vi dona Tera saindo do nosso quarto (as portas que dão acesso ao interior da casa são de vidro) e passando, como se não estivesse me ouvindo. Bati mais forte, meu coração estava em minha mão. Ela voltou, abriu a porta e se recolheu: "Boa noite, filha! Dorme com Deus!", eu percebi que tinha algo estranho: "aconteceu alguma coisa dona Tera?", ela (sem olhar nos meus olhos) respondeu: "não filha, vai deitar, amanhã a gente conversa!". Imediatamente entrei no nosso quarto e encontrei Alemão sentado na cama com o olhar distante. "O que você tem?" perguntei receosa. "Nada!" respondeu ele ríspido, altamente seco, como nunca havia sido. Então eu insisti: "O que houve? Por que está com essa cara?", depois de muita insistência ele falou: "Estou só pensando no que minha mãe me falou!". No meu eu, eu sabia que não era só isso. Foi então que eu disse que eu não ia dormir enquanto ele não me falasse, pois não ia conseguir ficar tranquila enquanto eu percebesse que ele não estava em paz. Ele então saiu do quarto sem dizer uma palavra...

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